ALAGOANO DEFENDE ENSINO BÁSICO DA MATEMÁTICA BRASILEIRA.

Por: Magnolia Rejane Andrade dos Santos, em Entrevista no dia 20/10/2011

Re-eleito recentemente presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), o professor Hilário Alencar (IM/UFAL), que também é membro da Acadêmia Brasileira de Ciências (ABC), acumula conquista acadêmicas memoráveis. Em uma sala da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, a entrevista é acompanhada de boas doses de café, e memórias – “Tive uma educação privilegiada. Sempre com bons professores, não só de matemática, de português também”, relembrando nomes de alguns mestres do tempo de colégio.

Como principais metas para essa gestão na SBM, o professor Hilário pretende ampliar o PROFMAT – programa de pós-graduação stricto sensu em rede, o Integrando a Amazônia e a coleção de textos matemáticos de alta qualidade, com linguagem e preço acessíveis. Há uma mundialização da matemática brasileira, ele não nega: “Sim, mas temos que voltar os olhares para o Brasil, interiozá-la”. Acompanhe a seguir a breve conversa e o entusiasmo do docente, alagoano de coração:

Ciênci@lagoas – Professor, o Estado alagoano é conhecido como celeiro de Matemáticos – temos o Fernando Codá, Manfredo Perdigão, Elon Lages, o Kerley Irraciel (do Instituto de Matemática – IM/UFAL), para ficarmos em poucos exemplos. Como a SBM enxerga Alagoas, sabendo que ele detém um dos piores índices de analfabetismo do País?

Hilário Alencar – A SBM tem um olhar nacional, no entanto, vem dando prioridade as regiões Norte e Nordeste. Sãos regiões carentes de matemáticos, nesse contexto o PROFMAT – com bolsa da Capes, para aprimoramento da formação profissional de professores da rede pública na educação básica. É uma política bem agressiva quanto a isso [risos]. Temos uma Matemática em dois extremos – uma de ponta, com inserção internacional e no outro lado uma matemática (ensino) interna ruim. Esse ruim não é só em Alagoas. Dados nacionais da CGE/OBMEP mostram que alunos, não somente aqui, mas em todo o território, tem dificuldade quanto lidam com geometria.

Ciênci@lagoas – Há uma mundialização da matemática brasileira. É paradoxal…

Hilário Alencar – Sim, mas temos que voltar os olhares para cá, temos que interiorizá-la também.

Ciênci@lagoas – O PROFMAT vem sendo bem recebido?

Hilário Alencar – Sim, ele completou dois anos. Voltado para a educação básica em matemática é um estímulo para que as Universidades do Norte e Nordeste integrem a rede proposta pela SBM.

Ciênci@lagoas – A demanda é enorme… como é a procura?

Hilário Alencar – Disputada. Foram 1.192 vagas para 20.000 inscritos. Para se ter ideia, em Alagoas, a média mínima para o candidato “entrar” no mestrado é praticamente a mesma do que uma instituição em São Paulo. Como a disputa foi alta, você começa a ter bons concorrentes – todas as vagas destinadas para cá, foram reservadas para professores de educação básica, de escola pública, atuantes. A previsão é que até 2012, alcancemos 2.000 vagas, com as novas parcerias.

Ciênci@lagoas – Esse despertar para o mestrado profissional é uma política recente?

Hilário Alencar – Sim, é recente, dois anos. A Capes sempre acompanhou o surgimento de mestrados profissionais, agora este, o Profmat, é o primeiro dentro da UAB [Universidade Aberta do Brasil]. Não é um problema isolado. O caso das licenciaturas, por exemplo – a maioria dos professores não sai de universidades públicas, há uma diferença enorme entre público e privado. É um quadro nacional.

Ciênci@lagoas – E quanto a ações conjuntas com o IMPA?

Hilário Alencar – Entre as atividades que a SBM realiza, como as Olimpíadas de Matemática, destaca-se o projeto Klein em Língua Portuguesa, que tem como objetivo dar uma visão ampla da Matemática aos professores e educadores do ensino médio e da graduação universitária além de oferecer publicações, DVD e site específico para consultas. Também entre as iniciativas da SBM estão o programa Integrando a Amazônia que apoia atividades de pesquisa e pós-graduação nesta região do País. Há também o Projeto Klein que integrou a Sociedade Brasileira de Educação Matemática, a Sociedade Brasileira de História de Matemática.

fonte: http://culturadigital.br/cinciaalagoas/2011/10/20/alagoano-defende-ensino-basico-da-matematica-brasileira/

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